abril 22, 2013

Nine: Episódio 5

Mudar o curso da história não é tarefa simples; a ficção já nos contou isso zilhões de vezes e mesmo assim parece que nenhum personagem aprende. Depois de dorama após dorama nos mostrar mocinhos que voltam ao passado, mas fazem de tudo para não alterar seu curso, eis aqui um que faz exatamente o contrário. Essa é a hora que o vemos pagar o preço, pena que ninguém lhe avisou que o que considerava mais valioso, também seria tomado.

RECAP EPISÓDIO 5

Voltamos com a conversa telefônica entre Sun Woo e Young Hoon do episódio anterior. Depois que a conversa termina o médico segue para o centro cirúrgico. Eu já disse que ele é um neurocirurgião certo? Aliás, bem conveniente ter um amigo médico especialista em cérebros quando se tem um TUMOR MALIGNO bem nesse lugar. Mas enfim, voltando ao que interessa.

Young Hoon tem uma cabeça literalmente aberta a sua frente no mesmo momento que a pequena Shi Ah/Min Young liga para Jung Woo. Ele atende e o curso de suas histórias se altera. Corta para as memórias passando velozes por Young Hoon no meio da cirurgia. O médico fica tão abalado que começa a balbuciar durante a operação e não sei como consegue prosseguir com o procedimento.


Enquanto isso em 92, Jung Woo vai para o hospital e corre pelos corredores com pressa. A tela divide e como um espelho, vemos Young Hoon fazendo a mesma coisa em 2012. Ficamos nos anos 90 e seguimos Jung Woo até a emergência onde ele encontra Yoo Jin e promete a Shi Ah/Min Young que cuidará de tudo dali em diante.


Já nos anos 2000, um atordoado Young Hoon segue pelos corredores do 3º andar olhando as placas de cada porta, até chegar àquela que claramente identifica Park Jung Woo como chefe. Do outro lado, um homem pergunta o que ele faz em frente a sua porta, ele vira e lá vem Jung Woo vivinho da silva.


No restaurante, Sun Woo também experimenta ter 20 anos de lembranças sendo enfiados em seu cérebro à força. Ele deixa o copo em sua mão escapar e um atendente vem em seu socorro. Ele pergunta se estava sozinho desde que entrou e o rapaz confirma que ele chegou sozinho. Sun Woo parece estar tendo outra dor de cabeça infernal – ou talvez seja o choque. Seja o que for, ele não consegue atender ao celular e desmaia.


Novas memórias se misturam as antigas e revemos o momento em que Sun Woo tenta salvar seu pai do incêndio, mas não consegue. Um mês depois vemos ainda o momento no qual ele conhece a pequena Shi Ah e pede que ela passe a chamá-lo de samchon (삼촌*), quando Jung Woo se casa com Yoo Jin (em abril de 93), e uma outra parte sobre eles se mudarem para os EUA. 11 meses depois Sun Woo descobre que ela adotou o nome Min Young e Mamãe fica catatônica (isso não mudou).

*삼촌 em tradução livre significa tio, mas que se refere especificamente ao irmão do seu pai (o tal tio por parte de pai) ou mais literalmente, a um irmão solteiro e mais novo do que o seu pai.


Sun Woo acorda em seu quarto e Min Young está ao seu lado lhe dizendo que desmaiou, mas como não se deixou ser levado para o hospital, Dr. Han (Young Hoon) apareceu para lhe medicar. Ele parece aliviado de repente e compartilha com ela que teve um sonho onde seu irmão morto voltava à vida. Ao que ela pergunta: “Irmão mais velho (lit. hyung)? Você quer dizer o papai?” Oh, não. E qualquer outra dúvida se dissipa quando ela o chama de tio (lit. samchon).

Seu colega repórter também está lá, mas ele pede que os dois saiam. Sozinho, ele procura pelos incensos e encontra os cinco restantes no cilindro intacto assim como o bipe e o LP. Hum, interessante, as provas físicas permanecem então?


Em flashback, vemos Sun Woo ser resgatado do restaurante por seus colegas de trabalho e no carro lhes pedir para ligar para Young Hoon. Ele vai até lá, e encontra Min Young ao lado do amigo desmaiado. Ela pergunta se ele receitou alguma coisa para Sun Woo já que encontrou com ele alguns comprimidos e o médico diz que eles são simplesmente vitaminas.

Outro flashback nos conta quem em 2007 Min Young (cujo sobrenome agora é Park, não mais Joo) conseguiu seu trabalho na CBM ao lado de Sun Woo, totalmente acostumada a chamá-lo de “tio”. E não, não soa nada igual àquele “tio” do comercial do refrigerante ou daquela novela.


Depois, ele desce as escadas vestido para sair e dispensa tanto Min Young quanto seu colega dizendo que não está doente. Na sequência pega de volta seu coquetel de comprimidos da mão da jovem, irritado. Ela pergunta o que é isso, e ele responde numa voz séria: “Viagra”. LOL.

O jornalista vai atrás do amigo e descobre que ele foi à Igreja. Corta para Young Hoon rezando. Sun Woo se aproxima pedindo que ele o ensine a rezar, mas tudo o que ganha é uma reprimenda, brincando de ser Deus e trazendo pessoas mortas à vida. Young Hoon está realmente assustando e diz que rezou e rezou, mas não conseguiu nenhuma resposta.


Sun Woo replica que ele está rezando errado. Os incensos vieram do Himalaia e no Nepal a religião é Hindu, portanto ele deveria rezar em um templo Hindu – isso está fora do alcance de Jesus. Ai caramba, eu ‘tô morrendo de tanto rir.

Eles conversam sobre como ele não sabia o verdadeiro nome de Min Young e o fato de que ainda não sendo um bom irmão ou filho, Jung Woo parece ter se tornado um bom marido e pai. E os dois se perguntam o que os incensos são: um presente ou uma maldição?

Os dois deixam a Igreja e Sun Woo divide com Young Hoon o quão estranho é ainda ter todos os objetos que ele trouxe do passado quando as memórias (e os acontecimentos) foram apagadas. Definitivamente um mistério.


Corta para o interno de Young Hoon, Kang Seo Joon (Oh Min Seok), falando ao telefone com o que soa como uma namorada. Oh-oh, tenho um mau pressentimento. Ele segue seu superior até a sala do Chefe Park (o hyung) e de repente Young Hoon pergunta se ele ainda está vendo a garota que ele lhe apresentou em um encontro às escuras. Oh, não show, não se atreva... E o flashback confirma o que eu temia: a garota é mesmo Min Young. E Young Hoon é o culpado cupido desse pesadelo. Será que um certo âncora sabe disso?


Falando nele, nosso herói chega em casa e encontra sua cozinha tomada pela mais-avoada-do-que-nunca Min Young, cozinhando e lhe avisando que depois de receber uma bronca de sua mãe, terá que passar o final de semana ali com ele. Nossa que bacana, #SQN.

Já em seu quarto, ele recebe um telefonema. É Jung Woo. Ele está preocupado com seu desmaio e pede que ele vá ao hospital. Depois leva o assunto para Presidente Choi e pergunta se o irmão não está indo longe demais com essa história. Ohh, isso quer dizer que a parte onde Sun Woo atacou publicamente o Presidente aconteceu nesse novo futuro? Bom saber, que algo continua normal.


Young Hoon escapa de seu jantar em família e telefona para Sun Woo sugerindo que ele impeça o casamento de seu irmão com a mãe de Min Young, fazendo-os terminarem antes que seja tarde demais. E conclui que os incensos são uma maldição e ele deveria ter apenas salvado a própria vida.

Sun Woo, no entanto, não se interessa por quem lhe enviou os incensos, eles são um presente. Com eles, a vida de hyung foi salva e ele se esforçou por sua nova família. Concluindo, ele não vai desfazer nada.

Ainda no banheiro, Sun Woo seca seu o rosto quando ouve os primeiros versos de I Will Always Love You. Ele desce as escadas e encontra Min Young que foi quem colocou o disco para tocar. Isso é que é metalinguagem irônica, vou te falar.


Eles jantam ao som da canção enquanto Min Young tagarela sem parar, primeiro sobre a comida (“não espere muita coisa”), depois sobre o LP (“parece novo”) e depois sobre a história do Viagra. Sabe de uma coisa, ainda bem que a pílula é azul, mas mesmo ele dizendo que desmaiou de tanto tomar Viagra, ela não acredita.

Deixando o assunto para lá, ela comenta sobre sua viagem ao Nepal citando cidades e o que gostou. A expressão de Sun Woo muda ao ouvi-la falar sobre Machapuchare. Flashback. Vemos os dois aproveitando sua lua de mel em passeios pela cidade, feito o casal de pombinhos que uma vez foram. Tudo ao som de Whitney Houston.



De volta a realidade paralela, Min Young comenta que terá sua lua de mel lá, afinal quem iria ao Himalaia para isso? URGH – esse é o som da apunhalada que ela acabou de dar em Sun Woo. E ele relembra exatamente o momento no qual ela disse essas mesmas palavras para ele. Ela comenta sobre o por do sol. E ele relembra dos dois juntos assistindo a um e também a noite que passaram juntos.

Atente para a antiga foto de casal dos dois (do episódio anterior) que depois virou uma foto solitária dela. Não sei bem o motivo, mas esse detalhe me chamou muito a atenção.


Irritado, ele para de comer e pensa sobre a conversa que teve com Young Hoon ao questionar que assim como os objetos, as memórias daquele tempo não desapareceram. Seria para ele, possível viver com duas memórias, mesmo que volte a ficar saudável?


A câmera foca no rosto de Min Young e Sun Woo enquanto ele pensa se será possível seguir em frente vivendo essa realidade se ele sentir falta daquela vida alternativa – o futuro que ele apagou.

COMENTÁRIOS

Pensando nas consequências que vimos hoje, acho que acabei de notar o que torna esse tipo de história – viagem no tempo – tão fascinante para inicio de conversa. Já repararam que toda vez que alguém altera o curso da história, o futuro sempre fica horrível para quem o alterou? E aqui estou falando especificamente de como o assunto é tratado nas produções americanas, já que em solo asiático (e doramas em especial) existe outra analise a ser considerada e portanto outros questionamentos metafísicos, muito embora a vertente “realidade alternativa from hell” também aconteça em solo oriental.

Mas voltando... me pego pensando se o novo futuro é realmente tão terrível assim, ou se ele só é considerado terrível porque a pessoa tem conhecimento da alternativa e assim pode comparar as situações e decidir que estava melhor do jeito que estava. É como chorar pelo leite derramado, voltar no tempo, não deixar o liquido cair e no final das contas descobrir que ele estava estragado.

Quero dizer, há sempre momentos em que nos pegamos pensando no que poderia ter sido e não foi; fantasiando alternativas para algo que não nos satisfez por inteiro ou deixou um gosto amargo, e sempre que o fazemos nos ocorre que não podemos nos concentrar no que poderia ter sido, afinal, já foi, fizemos nossas escolhas e vivemos com elas.


Acredito que seja por aí que nosso herói vá caminhar agora. Essa foi a sua escolha; salvar hyung, mesmo que no processo ele tenha perdido Min Young. Sun Woo não se parece com alguém que remoa demais as coisas (mesmo preparando uma vingança por 20 anos), então vejo toda a lógica em sua reação. Agora, o incenso já foi queimado; o que se há de fazer?

Mas, mudando um pouco de assunto, existe algo mais neste drama que me encanta; a trilha sonora instrumental.

Sei que muita gente se incomoda com certas tomadas onde a câmera desliza e se aproxima do rosto dos personagens, tornando essas passagens muitas vezes exageradas, no entanto, aqui em Nine, acho exatamente o contrário.

Acredito que a diferença principal seja a forma como isso é feito. Quando temos esses closes, mesmo com a câmera se aproximando, mudamos do rosto de um personagem para o outro, como se uma expressão completasse à outra e ao fundo ouvimos sempre alguma das faixas instrumentais, ajudando a finalizar o tom do close em si.

Se estamos cara a cara com a dor, o desapontamento, uma revelação, ou qualquer outra coisa, imediatamente nos damos conta disso graças aos entrecortes e a música. Até agora tem três cenas nesse estilo que não me saem da cabeça.

A primeira aconteceu no primeiro episódio, no momento final da cena final quando Sun Woo confessa seu medo de se ferir quando tiver que dizer adeus a Min Young e toca uma música (instrumental) de cortar o coração, que me parece algo como uma canção de ninar. Por sinal, cadê OST instrumental, hein dorama?

A segunda é do segundo episódio. Toca essa mesma música no momento em que Sun Woo narra a versão de mentira (ou a fantasia) dos seus motivos para querer casar-se com Min Young. A câmera se aproxima de vários ângulos e quando a música chega ao ápice, junto com a cena, descubro que prendi minha respiração de tão tensa que fiquei.

A terceira é do final deste episódio no momento em que Sun Woo se irrita e desiste de comer. Pouco antes dele se lembrar do que disse para Young Hoon, temos esse close do jornalista e de Min Young e a música ao fundo com fortes teclas de piano que me lembra do badalar de um antigo relógio de pêndulo. O engraçado é que nunca gostei desses relógios, sempre achei o som que vinha deles assustador e tenho a mesma impressão aqui; de que estou prestes a descobrir alguma coisa ruim, mesmo sem saber o quê.


E quando descubro o que é, me parece anda pior do que imaginei. Me sinto como a própria viajante do tempo.

Imagens: tvN/9 

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