maio 22, 2013

Amor à Vida: Primeiras Impressões

Vamos combinar, têm muita novela por aí, que é boa, uma delicia de assistir, pura diversão. Mas novela que fica marcada na história da televisão brasileira é aquela que segue a mistura clássica de drama, romance, uma leve (o mais leve possível) pitada de comédia e faz TODO MUNDO comentar, nem que seja para falar mal. É com essas características que se descreve bem o que no popular se chama de “um novelão”.

Nesta última segunda-feira estreou o que me parece, “um novelão” em potencial. Temos os segredos de família, os amores proibidos/impossíveis, os núcleos familiares opostos (o povão e os ricos), e mais outras particularidades que só veremos depois da mudança de fase que a novela sofrerá, agora no inicio.

Se você ainda não captou, estou falando de Amor à Vida, um arroubo de tantas coisas que o telespectador precisou escolher entre ir ao banheiro e se perder no andamento, ou apertar a bexiga e esperar pelo comercial.

E aqui vem o primeiro e mais esperado erro dessa iniciante, o ritmo. Tudo bem que a trama é paulistana, mas ainda estávamos vagando pelo Peru e o ritmo não perdoava ninguém. Revelações, barracos de família, informações de proporções balísticas sendo atiradas a torto e a direita que nem me preocupei com o jeitão Susana Vieira-de-ser da personagem Pilar.

Mas Susana é diva, ela pode se dar ao luxo de interpretar quem ela quiser, ou a si mesma. Já não foi dito alguma vez que grandes estrelas tem um gênio terrível? Quem garante que Walcyr Carrasco não escreveu a personagem assim mesmo?

Seguiram-se mais cenas e meses e tinha muita coisa errada, mas não dava para parar e ficar apontando tudo, enquanto eu tentava entender porque raios o mocinho usa dread. Dread está errado minha gente, a cartilha do mocinho diz claramente: bonito, bom-caráter, de boa família. Opa, lembrei! O mocinho é o Malvino Salvador, não o Juliano Cazarré. Viu o que eu disse, tudo muito rápido.


Outro erro gritante é o sotaque paulista que alguns atores estão tentando arranhar. Alguns estão confundindo as coisas e dão corda para as gargalhadas histéricas que dou enquanto minha tia me diz educadamente “hei, fica quieta”.

E eu fico alguns segundos, enquanto a animação de Ryan Woodward (storyboard de Branca de Neve e o Caçador, Os Vingadores), que é a abertura da novela, passa, embora não dure, pois não consigo evitar reclamar porque diabos Daniel tinha que repetir tantas vezes a palavra “vida”. Aliás, não tenha problemas com o cantor – já que dificilmente escuto suas músicas – contudo, preciso me juntar aos outros tantos twitteiros que reclamaram da canção. Sinto muito, ela não combina e ponto.

Felizmente, não é só de falhas que vive esta principiante. Amor à Vida é lindíssima! Não sei como ainda não descobri quem é o diretor de fotografia. A câmera é estonteante e apesar de ter reclamado da correria geral, algumas cenas em especial se beneficiaram dos truques usado, como filmagens trêmulas, câmeras acopladas ao corpo dos atores e os close-ups no rosto de alguns (Paolla Oliveira, você não envelhece não?).


Mauro Mendonça Filho, sua direção está de parabéns!

O elenco é de tirar o chapéu e tem núcleos afinadíssimos e até repetidos. Susana e Antonio Fagundes já trabalham juntos e sabemos que os dois entram em sincronia bem fácil. A família de Malvino também é bem harmônica e até me surpreendi com Carolina Kasting, que nunca antes tinha visto em um papel de “gente simples”. Isso, aliás não quer dizer que ela não tenha feito e sim que eu não vi.


Paolla e Cazarré estão indo bem, mas como denunciava o dread, não irão durar muito, mesmo depois dele ter tosado as madeixas. Resta saber se Malvino e Paolla terão alguma química de que se falar.

Outra figurinha repetida vem na dupla Bárbara Paz e Mateus Solano. Confesso, sinto falta de ver a atriz com um copo na mão (resquício da queda que tinha por sua personagem em Viver a Vida), embora esteja A-M-A-N-D-O Félix.


Finalmente um vilão digno dos meus elogios. Primeiro de tudo, o sotaque: um arraso. Depois, as piadas ácidas que me fazem chorar de rir: abalou Paris em chamas. A alergia à pobreza, digna de uma carteirinha para o clube de Caco Antibes: só para as poderosas. E se você se deixou enganar ou não seguiu as pistas, agora vem o melhor, ainda temos o fato de que Félix está mais para Felícia! Sim amigos, temos alguém que não saiu do armário, e pelo visto está ressentida. AMO.

Já chamou a irmã de ‘demônia’ pelas costas, mas a trata de “querida” e “meu doce” quando há testemunhas.

O vilão é tão, tão errado, sem senso de dignidade ou caráter que se não bastasse o fato de que não perde nenhuma oportunidade de esfaquear a irmã e o pai pelas costas ainda consegue ser um misto delicioso de Nazaré Tedesco (os momentos de loucura) com Odete Roitman (pobre é uma desgraça) e ainda paga tributo à saudosa Carmem Lúcia, roubando o bebê recém recém-nascido da irmã adotiva e o abandona em um contâiner de lixo. Carminha aprova!


E eu também. Não se acanhem, nem se deixem enganar, o nome (e as dezenas de vezes que Daniel cantarola) podem dizer amor, todavia o que temos mesmo é um bom prato de desafio à vida, bem à moda paulistana.

Amor à Vida é a nova novela das 21h da Rede Globo.

Um comentário:

  1. Nossa, quero comentar cada capítulo dessa novela e o pior é que não posso :/

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