novembro 09, 2013

De Caso com o Acaso Review

Já imaginou se você pudesse descobrir quais rumos sua vida poderia tomar quando você olha para trás se perguntando: “e se...?”. “E se eu tivesse acordado mais cedo?”. “E se eu tivesse dormido até mais tarde?”. “E se eu simplesmente não tivesse dormido?”. No caso especial do filme de hoje a pergunta é “e seu eu (não) tivesse pegado aquele metrô?”.

Helen (Gwyneth Paltrow) é uma ‘Relações Públicas’ que acaba de ser demitida. Irritada, mas conformada com a demissão já que era sabida a vontade geral (dos homens) de vê-la fora da companhia, ela segue de volta para o apartamento que divide com o namorado, Gerry (John Lynch). E no breve momento que leva para que as portas de correr do metrô se abram, o destino de Helen é transformado.

Daí em frente, seguiremos as duas possibilidades à frente para ela. Em uma, Helen entra no meio de transporte, volta cedo para casa e acaba flagrando seu namorado traindo-a, o que provoca o imediato rompimento dos dois. Na outra possibilidade, ela não consegue entrar, chega cedo em casa, mas não o suficiente para descobrir a traição e por isso mantém o relacionamento.

Na realidade A, Helen acaba se reinventado pessoal e profissionalmente e encontra no adorável James (John Hannah) um novo amor. Já na realidade B, ela vai se arrumando como pode em diversos empregos ingratos (garçonete, entregadora, etc.), além de começar a suspeitar do namorado.

O que se mantém em ambas as realidades é o crescimento de Helen, que mesmo podendo ser diferente entre uma “vida” e outra, ainda está lá, bem aparente. Há algo no roteiro que se possa culpar pela falta de balanço entre essas duas Helens, que mesmo se aproveitando do charme de Paltrow, ainda deixa muito a desejar. Acredito também que outra atriz teria feito com que os destinos de Helen, mesmo que ainda não fossem, parecessem no mínimo interessantes.

Oh, e o visual da personagem o filme inteiro me dá nos nervos. Uma é sem-graça demais, andando de um lado para o outro com duas tranças de cada lado do cabelo – penteado catastrófico para as mulheres com mais de 25 anos – e a outra versão é anos 90 demais. Admito entendê-los, embora continue detestando-os.

sem graça = fracassada, moderninha = triunfante

Os outros atores têm momentos cômicos que compensam suas faltas de originalidade e/ou caráter. Lynch arranca risadas até quando não deve na pele do namorado safado que acima de tudo não passa de um homem patético e indeciso – conclusão a qual se chega facilmente ouvindo suas sessões de confissão com um amigo.

Jeanne Tripplehorn também convence bem como a psicótica ex com quem Gerry atualmente tem um caso. Não bastasse isso, ela ainda se sente no direito de sentir-se ofendida quando é obrigada a aceitar que ele realmente não tem coragem suficiente para assumir um relacionamento com ela, ou melhor, deixar Helen para ficar com ela.

Lydia é explosiva e hilária ao mesmo tempo e me faz lembrar aos risos de Celine (personagem feminina central da “Trilogia Antes”; Antes do Amanhecer, Antes do Pôr do Sol e Antes da Meia Noite), outra neurótica notória do cinema.

As boas atuações, no entanto, não preenchem a sensação preguiçosa pela qual o filme se sustenta, visíveis principalmente durante as cenas onde as duas “vidas” são comparadas ou nas passagens que servem para nos dizer que o tempo vai passando.

Outra falha está no roteiro – também preguiçoso – que optou por nos mostrar apenas duas versões de um mesmo momento e uma mesma história. Talvez o filme pudesse ter se beneficiado de um pouco mais de tensão, ou de uma outra linha temporal, pois querendo ou não, são as sucessões de escolhas que definem nossos rumos e não apenas um único momento em nossa vida.

TRILHA SONORA

Típica de seu tempo e nem merece ser comentado. A não ser talvez o uso gaiato de Elton John (Bennie and The Jets) durante a cena de sexo que Helen invade sem saber.
Helen: Eu nem sequer sabia que você gostava de Elton John
Gerry: (gagejando) Eu gosto-eu gosto algumas vezes.

PÔSTERES


JÚRI FINAL

- Nota: dois, para honrar as duas únicas possibilidades que nos foram mostradas.
- Soundtrack: tão insignificante quanto tantas outras coisas nesse filme.
*P.S.: Pense assim, a sua vida está uma droga agora e você se sente na lona, mas a outra opção pode muito bem incluir a sua morte, então se considere no lucro.

BANCO DE DADOS

*Título Original: Sliding Doors
*Ano: 1998
*Estilo: romance, comédia,
*Direção: Peter Howitt
*Estúdio: Miramax
*Oficial: no IMDb

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