fevereiro 06, 2014

Livro: Blue Bloods Review

You can’t push it underground
You can’t stop screaming it now
How did it come to this?
MuseTime Is Running Out

Nova Iorque é com certeza uma das cidades mais exploradas pela ficção. Cosmopolita, ela se adequa à qualquer perfil de história. Nos últimos anos, a literatura voltada para leitores jovens e adolescentes, no entanto, tem transformado a cidade no paraíso americano dos ricos e bens nascidos que só querem saber de festas, grifes e confusão. Este livro não é exatamente uma exceção a essa regra.
“What was the point of going out in New York if you couldn’t even get a little buzzed?”
Mas a New York de de la Cruz, não é feita só disso. Além das garotas perfeitas, da escola privada, das regras sociais draconianas e todas as outras características (para referências assista/leia Gossip Girls), o mundo de Blue Bloods é elevada a potência máxima de exclusividade quando descobrimos existir um circulo dentre desse círculo, ainda mais seleto e exclusivo, formado apenas pelos verdadeiros fundadores e mantenedores da cultura e das artes de NY, os chamados (duuuh) Blue Bloods.

Esse seleto grupo de famílias pertence na verdade a uma longa linhagem de vampiros, sim os sugadores de sangue, e como não poderia ser diferente, vivem sob um estrito código de conduta que permite sua sobrevivência e tranquilidade ao longo dos anos.

Não vou mentir; o livro não tem nada de espetacular. Nossa protagonista Schuyler Van Alen (pronunciado como [Sky-ler] – “iscailer”) é uma pequena gótica que não poderia estar mais longe do conceito de popular, mesmo com o sobrenome pomposo. Sempre na companhia de seu amigo Oliver Hazard-Perry ela leva uma vida calma e melancólica ao lado de sua seca avó Cordelia Van Alen numa casa velha e mal cuidada, graças à quase inexistente fortuna da família.

Ela é uma personagem carismática e o fato de ter crescido visitando a mãe comatosa todos os fins de semana nos ajuda a simpatizar. Mas há momentos que não consigo me conectar. Um bom exemplo vem na parte onde ela descobre que é uma vampira (através de uma longa palestra no que chamarei de ‘Clube Secreto BB’).

Na primeira oportunidade ela resolve ir embora, em negação, achando que são todos loucos, mas basta que o belo e popular Jack Force (aquele típico garoto-popular-lindo-e-inalcançável) troque umas palavrinhas com a moça para que ela aceite que tudo é verdade. Talvez se ela tivesse aceitado tudo por si mesma, eu não teria do que reclamar.

E talvez o maior problema deste livro seja mesmo essa falta de balanço entre as partes. É suposto que entendamos que há um clube ainda mais exclusivo dentro de um clube exclusivo (lembra muito do que se ouve falar dos Mórmons) e que as intrincadas famílias estão ainda mais entrelaçadas do que vemos num primeiro momento. Mas é difícil colocar tudo junto quando parece que estamos lendo dois livros ao invés de um. Temos um livro perfeitamente pronto sobre como aquele mundinho escolar dos adolescentes que ao mesmo tempo fascinante pode ser pura tortura. E até aqui, nada de novo ou interessante.

Então ultrapassamos a barreira que separa esse livro do livro-mistério que envolve os Blue Bloods. Como todo e qualquer grupo que vive sob uma conduta restrita, esses vampiros se veem diante de uma ameaça que nem todos acreditam ser verdade. Misteriosas mortes de jovens vampiros veem acontecendo nos últimos tempos, mas são poucos os que acreditam (aqui incluímos os Van Alen) que isso seja obra de um antigo e há muito considerado extinto grupo de vampiros que caçam a própria espécie, Croatan, também chamados Silver Blood.
“By consuming Blue Blood’s life force, Lucifer and his vampires’ blood turned Silver. They became the Silver Bloods. Croatan. It means Abomination. They are insane, with the lives of many vampires in their heads. They have the strength of a thousand Blue Bloods. Their memories are a legion. They are the devil in disguise, the devil that walk among us; they are everywhere and nowhere.”
E é aqui que finalmente o livro começa a se tornar uma leitura empolgante com a mistura de fatos históricos reais (História e Colonização Americana em resumo) com ficção e referências bíblicas, já que para o universo de de la Cruz, esses vampiros nada mais são do que os anjos caídos. Sim, do Paraíso. Sim, incluindo Lúcifer (não, não está errado, você pode não entender inglês, mas o nome é fácil de reconhecer).

E então finalmente pegamos o gancho da história que nada mais será do que uma saga sobre luta e redenção, já que os vampiros mantém essa vida regrada esperando o dia no qual eles poderão ser perdoados e enfim voltar para casa, o Jardim do Éden.

Existem alguns particulares de livro e autora que gostaria de enfatizar, antes que me esqueça. Gosto da escrita de de la Cruz, tanto pelo uso de palavras do antigo inglês (ou mesmo de outras palavras que não são tão comuns em livros voltados para ficção juvenil), quanto pelas referências externas à cultura pop e fashionista, além de sempre apreciar intertextualidade de qualquer variação.
“Bliss knew about the Jimmy, the Manolo, the Stella. She’d made note of Mischa Barton wardrobe. But there was something about the way New York girls put it together who made her look like a fashion freak who’d never cracked open a magazine.”
E apesar de não ter muito conhecimento sobre os primórdios da colonização norte-americana (ou qualquer outra parte, para ser sincera), achei a relação traçada muito esperta e me fez querer saber mais sobre o assunto.

Na minha nada humilde opinião (quero dizer, eu não sou nada humilde, e minha opinião idem), autores que conseguem inserir um pouco do mundo real dentro do ficcional são corajosos, pois é preciso ter bastante certeza de onde cada ponto está amarrando, ou você pode simplesmente reescrever a História como um todo. Melissa de la Cruz não faz exatamente isso, mas consegue convencer que o a nossa História é apenas a ponta do iceberg da História desses vampiros/anjos caídos.

P.S.: Nada a ver com a qualidade da leitura, mas adoro as capas dessa saga. São simples, mas bem pensadas, principalmente com a sombra das cidades centrais para cada volume. Infelizmente a primeira, com o pescoço perfurado é um pouco over para o meu gosto, mas anda assim, não é horrorosa.

CAPAS


JÚRI FINAL

- Nota: 6 – garante a aprovação, mesmo que o rendimento tenha sido baixo.
- Expectativas: Mornas – ainda dá tempo de tornar as coisas mais interessantes.
*Trecho do S2: Quando eu disse que o livro não era mais do que simplesmente “bom” eu não estava brincando. Nem sequer tenho um trecho que tenha gostado o suficiente para mencionar.

BANCO DE DADOS 

*Título Original: Blue Bloods
*Editora: Hyperion/Disney
*Saga: Blue Bloods (livro 1)
*Design: Elizabeth Clark
*Adaptações: graphic novel
*Estilo: ficção, literatura juvenil
*Páginas: 302
*Edição nacional: lançada

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