outubro 10, 2012

De Repente 30 Review

"Nós precisamos nos lembrar do que costumava ser bom. Se não o fizermos, nós não reconheceremos mesmo que ele nos acerte entre os olhos" (We need to remember what used to be good. If we don’t, we won’t recognize even if it hits us between the eyes) 
Jenna Rink

Quando crianças, a grande maioria de nós não via a hora de ficar grande, virar adultos. Havia algo de incrivelmente maravilhoso em poder mandar na própria vida, que nos dava a falsa sensação de que ser adulto significava felicidade pura.

Jenna Rink, 13 anos, era uma dessas. Enamorada pelas lustrosas imagens de mulheres poderosas em sua revista favorita (Poise) e pela atitude “acho que sou crescida e estou com tudo” do grupo de garotas populares de sua escola – sugestivamente chamado de "As Seis Gatinhas" – tudo o que Jenna queria era ser uma dessas pessoas. Ou pelo menos parecer uma delas.

No dia de seu aniversário, parece que seus sonhos de fazer parte da galera popular e ganhar o coração do bonitão do colégio podem virar realidade, mas ela acaba sendo feita de tonta por eles. Mortificada, a garota se esconde em um armário, desejando com toda a força que ela pudesse ter 30 anos. Graças a um pozinho mágico - eu sei, eu sei, mas não é o que vocês estão pensando - Jenna (Jennifer Garner) acorda na manhã seguinte em um apartamento que ela nunca viu, com um cara pelado e desconhecido chamando-a de gostosa e aos 30 anos.


Mas tanto em seu coração quanto em sua mente Jenna ainda tem 13 anos. Então descobrir-se no duro e competitivo papel da editora chefe de uma revista, na cosmopolita Nova Iorque, sem amigos ou qualquer lembrança desses 17 anos que ela pulou em uma só noite, pode parecer muito assustador para uma garota.
 
Procurando ter algum senso de sua própria vida, Jenna vai atrás de seu grande amigo, Matt Flamhaff (Mark Ruffalo). Isso é, seu melhor amigo quando eles crianças. Agora que estão crescidos Jenna descobre que ela e Matt não mantiveram contato, aliás, nunca mais se falaram desde o seu fatídico aniversário e que eles se tornaram pessoas diferentes, com vidas diferentes.

Mas para Jenna, cujos 13 anos se foram há apenas algumas horas, Matt ainda é seu grande amigo e seus pais seu porto seguro. Ela então decide aproveitar que seus sonhos viraram realidade, contudo ao longo do caminho, ela descobre que a Srta. Rink de 30 anos talvez não seja quem ela esperava ser aos 13 e sua vida não é tão perfeita quanto parece.

E, além disso, Jenna vai percebendo que seus sentimentos por Matt mudaram. Ela pode estar gostando, gostando de Matt, mas, hei, Matt está noivo!

Como uma comédia romântica leve, De Repente 30, faz bem seu trabalho ao trazer aqueles momentos que sempre esperamos dela, ainda mais quando estamos falando de uma criança tentando fazer o papel de um adulto. Já vimos a mesma fórmula em Quero Ser Grande (Big) e Sexta-feira Muito Louca (Freaky Friday), embora a primeira opção seja mais parecida – com algumas pessoas até mesmo dizendo que esta seria a sua versão feminina.

Traçadas as comparações, voltemos ao filme.

Para uma estreante nesse estilo, Garner se sai muito bem, isso é claro, se você assistia ao seriado que fez o nome da atriz (Alias) e teve o prazer de assistir a este filme lá atrás em 2004. Eu ainda me lembro de como era estranho olhá-la completamente destrambelhada e pensar que se fosse Sidney Bristow ela já teria dado um jeito de roubar Matt, dar um fim em sua amiga-da-onça Lucy (Judy Greer) e ainda salvar seu emprego e sua revista em menos de 2/3 do filme.

O que, aliás, me faz pensar em qual exatamente foi a sugestão de Rink para salvar a revista. Sinceramente, mesmo já tendo visto esse filme mais vezes do que meus dedos podem contar, ainda não entendo o que havia de tão brilhante e inovador em sua ideia. Mostrar pessoas comuns, em uma revista que vendia glamour? Oras, por favor. Será que ninguém percebeu que aquelas colagens (bleh) só poderiam ter sido fabricadas pela mente de alguém muito tolo e inocente?

Eu realmente pareço infantil?! *empolgada*

Ok filme, que seja.

Pelo menos tivemos Mark Ruffalo, que nunca decepciona por ser agraciando, além do timing para fazer esses tipos de cara-comum, por aquele carisma doce para esse formato de filme, pois nos faz acreditar e torcer por seus personagens. E ainda Judy Greer, que já faz tempo, tem merecido ser chamada para papeis melhores e porque não ter um filme para chamar de seu? No sentido de ser a protagonista e não a diretora. Apesar de que o último não seria uma má ideia. Eu acho.

TRILHA SONORA

Como uma cria dos anos 80, Jenna Rink nos convida a passear pelo universo musical desses anos. E ainda nos oferece duas cenas tão completamente bobas que você sorri, mais pela tosquice da coisa do que por qualquer outro motivo. Se bem que, boa parte nos anos 80 não é isso mesmo?


O rei do pop é claro, marcou presença através da canção e coreografia de seu inesquecível hit Thriller.

E Pat Benatar e seu Love is a Battlefield, tornaram-se o lema de Rink, que aproveitou para semear esta (boba) ideia na cabeça de outras jovens garotas de 13 anos, com seus sonhos românticos, na cena em que elas dançam ao som desta música.


Temos aliás outra canção importante, mas acredito que ela esteja mais para...

REFÊRENCIA CRUZADA

...do que uma simples canção.

Quando a realidade cai pesada sobre Jenna, que se descobre perdida no meio da vida que ela criou para si – sim, os 17 anos que Jenna pulou aconteceram, ela só não se lembra – ela procura refúgio no lugar mais seguro para uma garota de sua idade, a casa dos pais.

Ao sair de Nova Iorque e tomar um trem para o seu antigo lar, ouvimos Billy Joel cantar Vienna, em sua linda voz calmante, o que forma um contraste interessante com uma Jenna arrasada e precisando de abrigo e colo.

Como composição, Vienna é cheia de reflexões que partem e convergem a respeito de diversos tópicos que eram relevantes para Billy Joel na época em que a escreveu, e que por si só já daria um excelente pano de fundo para a canção, mas colocado como trilha neste filme, vamos direcionar nosso foco para o que mais é exaltado nela.

Em uma entrevista gravada em 1994, Billy Joel disse que Vienna veio de várias reflexões, uma delas, ao ver uma senhora idosa varrendo uma caçada em Viena, Áustria – a de que contra o que muitos podem pensar, pessoas idosas são úteis, e que ele não precisaria se preocupar demais em ficar velho, pois quando chegasse lá, ainda poderia ser uma pessoa útil.

Assim sendo Vienna fala sobre esse impulso estranho que as pessoas jovens têm em querer chegar logo lá adiante, sem esperar, sem parar, sem aproveitar o melhor do seu tempo, da sua idade.

Slow down, you're doing fine.
(Devagar, você está indo bem).
You can't be everything you wanna be before your time,
(Você não pode ser tudo o que quer ser antes do seu tempo)
Although it's so romantic on the borderline tonight, tonight.
(Apesar de ser tão romântico estar no limite hoje a noite, hoje a noite)
Too bad, but it's the life you lead.
(Que pena, mas é a vida que você leva).
You're so ahead of yourself that you forgot what you need
(Você está tão a frente de si mesmo que se esqueceu do que precisa)

Por sinal, essa mensagem vai e volta durante o filme, para que tenhamos sempre a certeza de que o que está em jogo aqui, não é o fim da revista ou o fim/início do romance entre Jenna e Matt, mas sim que precisamos sempre nos lembrar daquilo que nos torna quem somos. Que sempre mantenhamos um passo continuo em direção aquilo que nos faz feliz, sem precisar correr ou olhar para trás o tempo todo, tentado agarrar tudo o que for possível pelo caminho.

Basta que saibamos o que nós faz feliz, pois se a felicidade atravessar nosso caminho, não a perderemos de vista, não precisaremos diminuir o passo nem correr atrás dela. Ela estará lá, esperando por nós. Lembra do final do filme agora?

PÔSTERES 
Pôster cinematográfico


JÚRI FINAL

- Nota: tipo chiclete de 0,05 centavos – no inicio é gostoso, mas depois fica sem graça.
- Soundtrack: um misto interessante dos anos 80 que ainda faz o favor de te deixar com um ou dois refrões na cabeça.
*P.S.: Você sabe por onde anda aquele seu amigo geek? Já pensou que ele pode ter virado o maior gatão agora que aquela fase estranha já passou.

BANCO DE DADOS

*Título Original: 13 Going on 30
*Ano: 2004
*Estilo: comédia, romance, fantasia
*Direção: Gary Winick
*Estúdio: Revolution Studios
*Oficial: no IMDb


Fonte: en.wikipedia

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